Complexo de Electra: Ela pode Estar e não Ser.

Hoje abordarei um assunto que vem sendo alvo de inumeros estudos, pesquisas, devaneios e que ainda lhe conferem o título de enigma. Desde FREUD até a atualidade sabemos que existem inumeros e incontáveis fatores que levam um individuo (homem ou muher) a escolha da homosexualidade como gratificação de seus prazeres.
Nas escritas tanto de Freud como de Lacan, podemos compreender a longa estrada a ser percorida. 
Recorrendo as teoriasde Freud  baseadas em análises de casos clínicos neuróticos,  evidenciam a importância das identificações parentais e do complexo de castração, o que nas meninas,  pode ser sentido como um dano sofrido (já por ter nascido sem pênis) que ela tenta  compensar ou reparar.

Para muitos o complexo de Édipo é apenas masculino em função do pênis, o que não é verdade. Para que não haja confusão a leigos usaremos o termo de JUNG que demonina COMPLEXO DE ELECTRA como sinônimo do complexo batizado por Freud ao sexo masculino.
A descoberta do Complexo de Electra demonstra que a orientação do desejo e das escolhas feitas pelo sujeito (dentre elas a escolha de objeto de amor) são marcadas por investimentos e identificações baseadas na vivência em sua fase electrica (edipiana).
Em três estudos, Freud já observa que a pureza da masculinidade ou da feminilidade é equivocada e desenvolve o conceito de bissexualidade originária por um desejo inconsciente. 

“todo indivíduo revela uma mistura dos traços de caráter pertencentes a seu próprio sexo e ao sexo oposto e mostra uma combinação de atividade e passividade”. 
Freud - 1905 

Deste modo, a sexualidade humana, antes atrelada ao biológico ou social, passa a ser vista pela ótica da dinâmica psíquica do inconsciente. Em certo sentido, a sexualidade se pluraliza com a noção de bissexualidade originária.
Na teoria freudiana, não haveria uma receita, uma equação cartesiana ou um único caminho a ser seguido, que indique que o indivíduo escolha a homossexualidade em detrimento da heterossexualidade. 
Freud, no intento de encontrar as origens psíquicas da homossexualidade refere-se a bissexualidade apenas reforçando teoria de que a sexualidade humana é tão incerta, que há possibilidades de “escolha” como objeto de desejo, tanto um homem quanto uma mulher. 
 A escolha sexual é da ordem do inconsciente, não é  fundamentada em julgamentos sociais, pois existem resquicios das escolhas do objeto nas mais tenras idades.
Freud considera que a diferenciação só ocorre tardiamente, ou seja, após a fase fálica, o que só é possível devido ao desenvolvimento da pulsão sexual (tendência).
Para a menina se torna um tanto mais complicado, pois a mesma já estar envolvida na constatação de que nasceu castrada (não tem pênis), precisa lidar com a troca de objeto de desejo (mãe pelo pai), de zona erógena (o clitóris pela vagina) e, em suma, de uma modo de satisfação ativo (o desejo de ser o falo) por um modo passivo: receber o falo.






O que garante a menina o acesso a feminilidade é (para Freud) o resultado do recalque da atividade sexual endereçada a mãe, primeiro objeto de seu amor.
Podemos ver, então, que tornar-se homem ou mulher envolve processos extremamente complexos, principalmente para a mulher, que além de estar condicionada ao recalque parcial da sexualidade, ainda se engaja em uma espera (sempre frustrada) de receber o falo. Na sociedade contemporânea, não chega a ser mais incomum o fato de muitas mulheres, trocarem parceiros do sexo masculino por parceiras sexuais do sexo feminino, justamente em função desta espera frustrada em receber o falo ou ao menos o falo da maneira a satisfazer completamente seus desejos.
Portanto é  essa decepção, da ordem do desejo e da demanda, que, segundo Lacan, introduz a falta e a relação com o falo. 
A partir desse ponto, seu destino enquanto mulher pode tomar três vias: abandonar  todos seus impulsos sexuais tornando-se frígida; identificar-se com a mãe, conduzindo ao “complexo de masculinidade” e, em alguns casos, provocando a homossexualidade ou, finalmente, escolher o pai como objeto de amor, ascendendo á feminilidade.
O que é bem evidente neste pequeno ensaio é que BISSEXUALIDADE feminina não traduz HOMOSEXUALIDADE feminina. Como podemos perceber, todos os individuos nascem com a bissexualidade originária ou seja, nossas escolhas de objetos sexuais ao longo da fase fálica é que influenciam em nossas escolhas. Em tese, concordo com raciocinio Lacaneano que mostra que em quase sua totalidade, e pelos mais diferentes motivos e razões, a mulher consegue não SER homossexual e sim apenas ESTAR homossexual,  não desenvolvendo sintomas severos de culpas posteriores em relação ao que sentiria um homem. Diante de tanta complexidade, sabemos que ainda existe um longo periodo de estudos pela frente, porém é importante lembramos de que: "O que não nos impede de obtermos prazer e é aceito pela sociedade como um todo, É NORMAL..
Bom feriado a todos.